Cruz e Sousa: O cavador do Infinito

O Cavador do Infinito, é considerada uma das melhores poesias (soneto) filosóficas de Cruz e Souza (Leia sobre sua biografia em Biografia do Autor). Ela busca questionar a razão e o fundamento da existência humana. Nesse soneto, pode-se perceber o drama existencial presente na ação de cavar o Infinito vivido pelo eu lírico. 
Os verbos Sobe e Desce na primeira estrofe representam essa ação de cavar realizada através da lâmpada do sonho. Enquanto cava, abafa as queixas e os gritos da alma. Sensações como ânsias e desejos, e os sonhos podem representar os anseios do escritor em viver uma história de vida diferente, de encontrar a felicidade não contemplada nas suas relações sociais e amorosas. 
"Cava os abismos das eternas ânsias!" A frase denota quase um desespero na busca desenfreada por algo não encontrado, mas que lhe causava aflição. O seu próprio eu está a escavar-se em busca de uma razão existencial, de respostas para suas agonias pessoais. 
É como uma ordem, cavar nas profundezas até chegar no abismo, pois ali se desfariam os mal estares e o eu lírico poderia ter paz, amar, ser feliz. Entretanto, pode-se depreender que,  até o final do soneto, o eu lírico não encontrou o que procurava, pois o Infinito se transformou em lava.  
Observemos que na primeira estrofe "Com a lâmpada do Sonho desce aflito" parece haver quase um desespero para chegar ao fundo e encontrar uma saída para suas aflições, se encontrar. Mas na última,  "Alto levanta a lâmpada do Sonho", o vulto pálido e tristonho não está a soluçar, mas a cavar tentando numa busca incessante chegar ao seu eu mais profundo e se libertar das agonias, embora nada mude.

 

 

 

Créditos pela análise: Odete Soares Rangel